sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Hora de desconectar

Há três semanas assumi nova função no trabalho. Realizei um sonho, para o qual busquei me preparar, assumindo a coluna Praça Oito - o mais tradicional espaço de análise política do Espírito Santo. Uma responsabilidade gigante. Um desafio sem condições de ser medido. Desde então, sinto-me desafiado, todos os dias, a entender novos caminhos da política, a ponderar mais as palavras e - por que não admitir? - repensar minha própria conduta on-line.

Desde o dia em que fui convidado para o cargo, pela competente editora-executiva Andréia Lopes, que fez história como colunista da P8, e pela editora de Política de A GAZETA, Elisa Rangel, venho pensando em passar um tempo fora das redes sociais. Dei, de início, uma "limpeza" no Facebook e no Twitter, passei a pensar três, quatro vezes antes de postar minhas opiniões (via de regra, polêmicas...). Sei que muita gente não conseguirá diferir, de agora em diante, o Eduardo Fachetti colunista, jornalista, que carrega o crachá de A GAZETA no peito, do Eduardo neto da Vovó Santa, primo da Larissa, da Pollyanna, da Roberta, da Daniella, da Fernanda; do Eduardo que é "Dindudu" da Nicole e "tio Dudu" da Mel, da Clara e da Helena, amigo da Loreny, da Valeska e do Fábio.

Nos últimos dias, a vontade de "dar um tempo" no Facebook cresceu. Sobretudo porque vi, de gente que eu tinha em alta conta, comentários rancorosos, estranhos, a respeito de algumas coisas que escrevi. Não se tratava de uma fonte aborrecida por uma interpretação minha sobre determinado assunto: com isso lido tranquilamente e me cobro muito em sempre ouvir os dois, três, quatro lados da mesma história, para condensar tudo em uma análise o mais plural possível. Era comentário de gente "raivosa", recalcada, incomodada, afim de usar a internet para jogar indiretas e fazer sugestões indecorosas.

Isso não deveria me incomodar, eu sei. Alguns amigos, com os quais dividi esse meu sentimento, me disseram "deixa para lá", "toca a vida", "segue adiante". Mas é triste perceber que a mesma pessoa que há poucos meses me procurava para dizer "torço pelo seu sucesso" e "você vai longe" agora me classifica como "antiético", "antiprofissional", "Judas" . Ou, ainda, que aquele profissional (?) que me ligou, dias atrás, pedindo "pelo amor de Deus, dê uma notinha minha, porque meu emprego tá em risco" agora faz comentários desmerecendo o mesmo espaço pelo qual lutava para emplacar uma informação. 

Tenho segurança daquilo que escrevo. Não sou um ancião do jornalismo, não tenho décadas de formado, mas tenho noção  do que minha função representa para os leitores. Não escrevo a meu bel-prazer, nem para defender fulano ou sicrano. Por isso busco, diariamente, orientação com quem está acima de mim na hierarquia da Redação; para que não impere só a minha visão, para que novos caminhos e ângulos informativos me sejam apontados. Dialogar é algo que me faz bem. Gosto de falar e de ouvir e adoro quem sabe argumentar.

Quanto às redes sociais, são um ótimo canal para obter informações, para me atualizar e manter contato com amigos e familiares que estão longe. Estou ciente de que o Eduardo colunista e o Eduardo cidadão (que vai a festas, visita a família, caminha na praia, faz careta com as sobrinhas, anda de ônibus) andarão lado a lado, inseparáveis. Essas duas facetas de mim têm que aprender a conviver.

Mas não estou disposto a deixar que o Eduardo neto-primo-sobrinho-amigo-tio-padrinho sofra pelas críticas que o colunista terá que administrar. Por isso, decidi ficar uns dias fora do Facebook e do Twitter. Pensar na vida, viver "offline", tentar encontrar um meio-termo. Vai ser bom para mim e para meus amigos/seguidores. Não vou abandonar minhas contas por lá. Quem me conhece sabe que gosto - e até demais! - da tal de timeline. 

Os meus amigos sabem meus telefones pessoais. Minha família sabe como me encontrar. Quem está no meu Facebook ou no meu Twitter em busca do colunista pode comprar o jornal para ter acesso aos meus canais profissionais. Então, ninguém há de sair perdendo. O mundo dá voltas, e eu vou dar uma volta. No retorno, pretendo não dar mais espaço a gente de energia baixa e caráter zero.