segunda-feira, 19 de março de 2012

Paradoxos, paradigmas e interrogações

O que estamos fazendo de nós? Mudos, estáticos, incomunicáveis. Falamos com a secretária, com os clientes, com as fontes, com os amigos de boteco. Falamos com todos: da ascensorista ao governador. Mas não conversamos com nossa consciência. Não falamos com nosso íntimo e secreto.

De que adianta retratar histórias, escrever o que os outros pensam, expor as preferências alheias se, em igual intensidade, nos trancamos em pudores? Se é preciso esconder de quem gosta, que ideologia segue, que artista/político/celebridade admira ou odeia. De que valem tantas canções bonitas tocando na vitrola se, por dentro, há mudez em larga escala?

Beira o ridículo nossa necessidade de agradar aos outros, desagradando a nossos próprios sentidos. Não gosto de jiló, mas minha mãe adora. Não gosto de samba, mas minha namorada quer requebrar. Prefiro piscina à praia, mas por que não agradar minha colega que está em busca de sol e água salgada? Creio que, como tudo, o exagero em ser simpático, agradável e acessível a todo tempo surte um efeito devastador se alguém deixa de agradar ao único expectador que nunca se afasta da plateia da alma: a si mesmo.

Muito trabalho, pouco lazer. Muito fast-food, pouco sabor. Corpos à vista em microvestidos que encobrem corações com frio. Braços torneados e fortes em homens que por dentro temem um sincero não. Está tudo fora do lugar! Desculpem, isso é um desabafo. Uma alma em busca de seu corpo. Um corpo em busca de seu lugar no mundo.


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