domingo, 26 de fevereiro de 2012

Acabou o carnaval. Feliz 2012!

Não é exagero dizer: nesta segunda-feira, 27 de fevereiro, é o primeiro dia útil de 2012. Pelo menos para nós, brasileiros, que insistimos em empurrar o ano com a barriga - com menos reuniões, menos compromisso com as dietas e, por que não admitir?, com menos vontade de trabalhar. E a Quarta-feira de Cinzas, a quinta e a sexta subsequentes servem apenas para "recarregar baterias" do folião exausto. Pois bem, chegou a hora de deixar o "alalaô" de lado. Feliz Ano Novo!

E este ano, como todos os anteriores, começa com culpas e pensamentos positivos. Não, nada de peso na consciência por causa dos exageros gastronômicos na Ceia natalina (algo que sentimos no 1º de janeiro, o rèveillon oficial); começamos o ano pensando em quem fomos e o que fizemos nos dias da Festa do Momo, quando colocamos as máscaras, vamos para as ruas e nos esquecemos das máscaras sociais que usamos no resto do ano. O pensamento positivo é inevitável: "- Tomara que ninguém tenha me flagrado!", vai dizer que não?!

Ah, o carnaval! Neste, peculiarmente, o que se viu foram Janetes & Valérias pelas ruas, "novinhas" em busca de "novinhos" e muito "Ai, se eu te pego" - em todos os ritmos possíveis. Embora a festa da carne oficialmente seja uma terça-feira, para muitos a folia se estende deste a sexta-feira anterior. Portanto, não adianta omitir que muita gente muda de nome, de idade e de propósito por cinco dias. Na quarta-feira, restam apenas as cinzas.

Nesta segunda-feira, caro leitor, esteja preparado para reconhecer naquele colega de trabalho o cachaceiro que caiu no meio da rua, na sua frente, na segunda-feira de carnaval; não se espante se a menor aprendiz lhe parecer familiar, como um revival da funkeira que te seduziu no domingo passado. E esteja preparado caso fotos comprometedoras, das quais você nem se lembra, surjam nas redes sociais.

Lembre-se: você só é você durante 360 dias do ano. Nos cinco de carnaval, seu alter-ego te dominou, embora você tenha tentado, bravamente, resistir às tentações. Agora, brilho nos olhos, água no rosto, cabelo alinhado e vá à luta. O ano começou. E tomara que passe rápido, para que o próximo carnaval comece, no dia 8 de fevereiro de 2013.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Adolescentes tardios

Ensina a ciência, amparada pela Organização Mundial da Saúde (OMS): a adolescência, período de transição entre a infância das regalias permitidas e a maturidade das escolhas, se estende dos 10 aos 20 anos de idade. No Brasil, leis tratam como adolescentes indivíduos entre os 12 e os 18 anos. Mas este terceiro milênio parece ter mudado a ordem de algumas fases, e não se assuste se você topar com alguém beirando os 30 anos com comportamento quase infantiloide.

Não falo aqui dos adultos que moram com os pais e ainda são sustentados por mesadas - muito embora ache isso um tanto estranho, confesso. Refiro-me a indivíduos independentes, que ostentam cabelos brancos, um pé-de-galinha ali, outro acolá, mas que se comportam como recém-saídos da 8ª série do Ensino Fundamenta;, cheios de medos, mudanças de humor e comportamento, como se seus hormônios ainda estivessem em fase de ebulição.

Eles querem ser gente grande e bancar decisões e posturas, mas não sabem nem a que vieram ao mundo. Num dia, querem um grande amor. Passadas 24 horas, decidem só buscar sexo fácil. E, se bobear, chegam à manhã seguinte querendo dormir abraçados ao ursinho de pelúcia, com medo do bicho-papão em que se transformara a vida. Eles se dividem entre compromissos profissionais e bares de azaração para "novinhas" e "novinhos", desconsiderando as marcas que trazem na pele - será que têm em casa um espelho turvo?, penso.

Há, por aí, muitas secretárias, professoras, arquitetas, e também engenheiros, jornalistas, administradores e advogados que gostam de jogar na mesa os títulos conquistados mas que, por dentro, carregam um vazio existencial. É clichê, eu sei, mas parece que nos tempos atuais prevalece mesmo a máxima do "ter é melhor que ser". Então, se você tem emprego, roupa de marca, carimbos no passaporte e algumas notas na carteira, não faz diferença comportar-se como um ser que vaga em busca de autoconhecimento; tampouco ser um mendigo em busca de migalhas de afeto e palavras bonitas para ludibriar o ego.

Ah, esses adolescentes tardios... brincando com o passar dos anos como se a vida fosse um eterno recreio colegial. Desculpem-me os árduos defensores do diálogo augustocuryano ou das palavras de conciliação de Içami Tiba, mas acho que para conter a demência de adultos de calças curtas, só há dois remédios: o chá de silêncio ou umas boas palmadas, dadas por pai e mãe. Afinal, ninguém é obrigado a curar birra de criança balzaquiana.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A vida real é difícil

Vou começar pelo final: acho a vida real muito mais difícil que a virtual. Vivemos numa época em que substiuem-se sorrisos por "curtidas", abraços por "cutucadas", raivas, angústias e brigas por um simples "delete". Ficou tão mais fácil e simples ser um tamagushi, vivendo de bits e bytes. Pra que respirar e ter sentimentos?!

Sou adepto total dessas bugingangas virtuais. Comecei com o extinto mIRC, onde você entrava em salas temáticas, com tela cinza e apelidos engraçados. Estávamos no início dos anos 2000, o computador quanto maior, mais potente, e nas salas todos se conheciam por nicknames. Em Colatina, onde eu morava, havia até "mIRCONTROS" na sorveteria da Avenida Getúlio Vargas. Eu era }|VoLcAnO|{ (que apelido tosco!) e, como já apresentava tendência a substituir o real pelo virtual, não queria saber da cara dos colegas de bate-papo. Nunca comparecia.

Veio o ICQ. Aquele "owow" característico das mensagens escritas, a possibilidade de ver, em tempo real, a digitação de quem estava do outro lado da tela. Que tempo bom! A cada atualização do programa, ficava fascinado com as novidades, com os recursos. No ICQ, podíamos escolher a cor das letras e havia bonequinhos representando sorrisos, lágrimas, felicidade e raiva... que evolução!

Pelos idos de 2003 ou 2004, veio o MSN. Demorei a me render ao programa de mensagens instantâneas, mas não demorou. Ali, pela primeira vez, eu conseguia ver o rosto dos meus colegas em avatares ao lado direito da tela. Antes, passava meses conversando com alguém sem nem saber como era, só na imaginação (nem câmera digital existia, notem!). E, atire a primeira pedra quem nunca passou por isso: caía sempre naquela de "como vc é", "qual sua altura", "qts anos"... vida de principiante num ambiente rudimentar.

A vida on-line progrediu. Fotolog, Orkut, Twitter, Facebook... aproveitei cada uma dessas "modinhas". Não bastava, a internet chegou ao celular e, admito, vivo grudado ao meu, a ponto de ter criado a mania de só andar de ônibus conferindo redes sociais. E quando a bateria do aparelho se esgota, fico sem ter onde por as mãos, como se me faltasse um membro. Vício!

Por tudo isso, posso dizer: nem sempre as pessoas legais em 140 caracteres são realmente legais. Amigos se constroem à distância, é claro, mas é no olho no olho que se revela o caráter. É no bate-papo gostoso na mesa do bar que se soltam gargalhadas - e não meros hahahah ou kkkk -, é no abraço da chegada que você se sente realmente "curtido", querido e acolhido.

A vida real é tão mais difícil. Temos que lidar com pele oleosa (já que Deus não nos permitiu o Photoshop 24 horas), é preciso murchar a barriga para não parecer acima do peso, às vezes é preciso contar até dez para não "fechar a janelinha" de uma conversa desagradável. No mundo de verdade, as pessoas têm aroma, hálito, cabelo fora do lugar, espinha, acne e roupa com marca de suor após o expediente.

Resumir o dia em poucos toques é viciante. Mas não há prazer melhor que deitar a cabeça no travesseiro e rir, consigo próprio, das situações vividas no mundo dos incômodos, infortúnios, paixões e conquistas que vibram nas ruas. Acho a vida real muito mais complexa, pode ser. Mas até para isso há aprendizado: é possível dar um F5 nas situações pesadas e mal formatadas e seguir para as próximas páginas.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Para tudo há remédio

Para dor de garganta, mel com própolis. Para água no ouvido, álcool. Para pedra nos rins, quebra-pedra. Para queda de cabelo, gema de ovo. Espinha se seca com Minâncora, agulha mata o bicho-de-pé. Para coração ferido, nada melhor do que tempo. Em síntese: para tudo na vida há solução - muitas vezes caseira e sem esforço.

Que atire a primeira pedra quem não possui um telhado de vidro por ter se apaixonado pelo visual (pode ser até por uma foto no Facebook) esquecendo-se de que a vida real tem tato, olfato, paladar e doses graduais de paciência e concessões. Quem nunca relevou pequenos defeitos por acreditar no "para sempre", ou quem aí nunca se odiou passados dias do término de um relacionamento? Difícil!

Mas... tudo na vida passa. Nenhuma dor de dente é infinita, a enxaqueca é curada com repouso e quarto escuro, e basta ir ao banheiro e tomar algum remedinho básico para fazer cessar a dor de barriga. Até o amor, esse efêmero gigante que nos arrebata de estação em estação, passa.

O amor é como a dor de dente, a pedra nos rins, a dor de barriga - só que ao contrário. É um mal como os outros, mas que em vez de aflição e mal-estar, traz alegria; ele inebria, nos toma por completo. Se as dores dos outros órgãos nos pedem remédios para findar, esse tal de amor, que atinge em cheio o coração, precisa de remédio para postergar.

Enquanto estamos adoecidos pelo amor, as contas de celular chegam altas, as noites tornam-se pequenas, aumenta o consumo de pipoca e guaraná no beija-beija da sala de cinema. O amor nos deixa tolos, meio cegos. É um mal que não incomoda. E quando passa, deixa tudo vazio: dias cinzas, carranca no lugar do sorriso. O coração sai do terno outono da plenitude e congela em glacial inverno.

No entanto, tal qual as estações do ano, logo chega o tempo de florir em primavera. E se você, caro leitor, está em convalescença, não se esqueça: para tudo na vida há remédio. É recomendável passar o inverno da alma com doses exageradas de boa leitura, música de qualidade pelo menos três vezes ao dia e uso indiscriminado de autoavaliação. Saia para ver o por do sol, exponha-se às zonas de contágio. O vírus do amor não se repete: a cada crise, virão novos sintomas. Sequelas são inevitáveis. Viva!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

"As Cacheadas"

Depois da estreia, logo mais, de "As Brasileiras", reunindo 22 grandes atrizes da televisão brasileira, a TV Gazeta colocará no ar uma nova microssérie, em cinco episódios, contando a trajetória de capixabas que se destacam por terem personalidades fortes. Para o novo projeto, nada de escalar Juliana Paes, Fernanda Montenegro, Sandy ou Xuxa Meneghel. Foram escolhidas pessoas comuns, que a gente vê todos os dias. Em comum, as madeixas onduladas, presas ou soltas, curtas ou longas. Elas são "As Cacheadas". A conferir:

A estadista do Itabira (Andréia Lopes)
Ela veio ainda pequena das distantes terras de Cachoeiro de Itapemirim. Inquieta, desde menina corria os morros da cidade cantarolando Carlos Gardel, e se enganavam os que achavam que pode detrás da cabeleira loura se escondia um anjo. Andréia tinha um desejo oculto: levar o mar até a Terra do Rei Roberto. Como geografia não se muda, ela infiltrou-se na Capital, formou uma gangue de mulheres bronzeadas e há mais de dez anos aguarda o momento exato para dar o golpe de Estado. Será que ela conseguirá ampliar os domínios de Cachoeiro até onde batem as ondas do mar, em Camburi?

A novata da Casa (Elisa Rangel)
Ela é misteriosa. Chegou há pouco ao condado das cacheadas e guarda um grande segredo do passado: a cacheada morena já teve uma passagem pela polícia. Terá sido ela uma delegada? Uma foragida? Dizem que ela é uma agente disposta a desarticular o esquema da Estadista do Itabira, para evitar que Cachoeiro, terra fresquinha e pacata, herde uma praia sem quiosques. Ou será que ela usará suas informações privilegiadas na área policial para desmascarar os criminosos do colarinho branco?

A magistrada de Marechal (Ednalva Andrade)
Mulher de fibra, mulher de coragem, Ednalva vestiu a toga por cima da peixeira e está disposta a vencer o mal. Na infância, a menina moça das serras capixabas aquecia as mãozinhas na fogueira antes de ir para o grupo escolar, com tantas outras criancinhas ingênuas. Mas o calor do fogo não era maior que o ardor de seu senso de justiça. Ednalva quer mais, muito mais. Quer vênias, recursos e jurisprudências para se transformar na guardiã da moralidade e da conduta ilibada. Quem entrar em seu caminho arcará com os rigores da lei.

A rica do Mochuara (Vera Ferraço)
Ela faz o estilo femme fatale. Sapatos altíssimos nos pés (vermelhos, claro), cabelos cor de ouro com corte desestruturado, Vera se transforma num furacão toda vez que entra no carro. No porta-luvas, um Veuve Cliquot: ela gosta de dirigir perigosamente pelas avenidas de Cariacica e corta a BR-262 sem tirar o pé do acelerador. Aclamada pelos lojistas e invejada pelas loiras lisas sem pedigree, ela carrega no nome o peso do poder: Ferraço. Dizem as más línguas que foi dela a ideia de uma máquina de fazer chover em Cachoeiro de Itapemirim. Seria esse também um dos motivos que trouxeram Andréia à Capital: ela quer vingança, pois toda vez que passava no Centro de sua terra natal, tinha os óculos molhados graças à engenhoca ferracista.

A bailarina que samba (Mariana Montenegro)
Ela nasceu em Vitória e desde pequena queria ser famosa. Madeixas esvoaçantes, sorriso no rosto, pavio curto. Por trás dos olhos de calmaria, se esconde uma mulher que estremece Vitor, seu fotógrafo oficial e amante misterioso. Ele faz um tipo Clark Kent, com óculos à Superman; ela usa da leveza que aprendera no balé para desfilar pelos corredores do poder e sambar na cara de quem a tem como meiguinha e boazinha demais. Mariana é uma mulher de artimanhas: faz voz melosa e sorri aparentemente ingênua para saber tudo que se passa nos bastidores da sociedade capixaba.

Carlos, o homem do espelho

Após um exaustivo dia de trabalho, ela parou em frente ao espelho para arrumar os cabelos. Estavam desalinhados, daquele modo que só uma mulher à beira de um ataque de nervos sabe como é. O batom já gasto, as olheiras marcando os olhos, tudo estava ali, nítido. Mas não havia só isso no reflexo. Havia um homem. E ele a olhava fixamente.

Corre de lá, corre de cá. O trabalho, naquela noite, era tirar do presidente alguma frase que indicasse seu futuro político. A aglomeração em torno do político era tamanha, que a caneta saltou-lhe das mãos ao esbarrar em um deputado. Abaixou-se. Tocou o objeto. Mas, sobre suas mãos, estavam as mãos dele: o homem do espelho. Moreno, alto, camisa verde que marcava o dorso. Cabelos levemente despenteados. Sorriso largo, mãos grandes. Sorriram, mas ela recuou desviando o olhar. Voltou a trabalhar.

Passaram-se alguns minutos e ela, já à espera do colega que lhe renderia o expediente, sentia-se monitorada por aqueles olhos castanhos. Como um totem onipresente naquele salão de eventos, estava o mesmo rapaz. Com os mesmos olhos, o sorriso que escapava pelo canto da boca, ele a espreitava em todo canto. A situação era, ao mesmo tempo, incômoda e instigante. Mas ela decidiu desviar e, para não sucumbir ao cansaço - já passava das 21 horas, e estava de pé desde as 5 -, decidiu lavar o rosto.

Bastou que entrasse no banheiro, aquele homem veio atrás. Não importava que recinto era aquele, tampouco a multidão que lá fora se espremia. O presidente resolvera falar de economia. Os puxa-sacos palacianos o aplaudiam efusivamente, de modo que o barulho impedia que qualquer grito ou gesto de fuga fosse percebido pelos convidados. Ela abaixou-se para lavar o rosto. Fingiu não se dar conta daquela presença masculina, imponente. Ele, por sua vez, foi ao box fazer suas necessidades (que outra necessidade haveria, num banheiro pequeno, se não seduzir aquela que fora escolhida a presa da noite?) - detalhe: com a porta aberta.

Terminada a atuação no box, ele manteve a calça desabotoada. Aproximaram-se. Ele percorria o dorso com a mão direita como se mapeasse o trajeto para que ela seguisse. Ela, trêmula, acompanhava com os olhos. Tocaram-se. Ele a puxou com força pela cintura e pediu que cedesse. Ela ameaçou sucumbir; respirou fundo. Os aplausos ao presidente, lá fora, a chamavam ao compromisso profissional. Ele tomou seu crachá às mãos. Susurrou seu nome. Sorriu malicioso.

Num insight, ela lembrou-se, ao menos, de perguntar o nome daquele homem que a acompanhara por toda a noite. "- Carlos", respondeu, breve e grave. Para depois, completar: "- Você trabalha com Áureo... bravo. Difícil. Homem rígido. Você deve ter muito trabalho". Mal sabia ele que o maior trabalho, naquele instante, era não deixar-se levar pelos instintos que a corroíam a alma. Carlos a tomou nos braços. Ela, vencendo o medo, tocou-o com desejo. Nunca houvera situação semelhante.

Nem jamais voltou a haver. Carlos pediu o telefone, sorriu pela última vez, arrumou o cabelo mirando-se no espelho e prometeu ligar. Abriu a porta e a aura de malícia e transgressão foi rompida pelo falatório do outro lado da parede. A fala do presidente terminou. Acabaram as bajulações. Acabou também a paz daquela garota da zona norte, que nunca mais esbarrou e nem sabia onde procurar o homem que roubara-lhe a paz e a compostura profissional. Carlos sumiu.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Um dedo de saia, dois dedos de prosa

Elas são um verdadeiro patrimônio cultural do Brasil dos tempos atuais. Chapinha ultralisa feita, unhas francesinhas longas, pernas torneadas por horas de academia, braceletes multicoloridos. Características periféricas ante ao centro das atenções voltadas a elas: o microvestido, um palmo de comprimento.

Recorro a um jargão batido da internet para falar delas: "periguetes não sentem frio, arrepiam para causar". Não entra na minha cabeça que essas moças bonitas, muitas vezes universitárias e cheias de atitude achem cômodo usar uma roupa que mais lhes incomode que lhes vista. Afinal, para manter o par de coxas exposto à visão masculina, elas têm que recorrer ao "puxa daqui, puxa dali" se não quiserem entregar o "ouro" ao olhar dos marmanjos.

E não são só as periguetes que entram no rol das vestidas-mas-não-vestidas. Há as atendentes de consultório que vestem blaser sobre profundos decotes, há enfermeiras que dispensam a lingerie para não terem a derrière marcada, há as professorinhas que usam coque para expor a tatuagem de fênix que começa no pescoço e se estende ao cóccix.

A ala masculina também tem seus representantes. Ou vai dizer que é bonito um homem expor meio metro de cueca por baixo de uma calça frouxa? E essa moda, meu Deus, das bermudinhas com barra italiana acima do joelho? Os mais "descolados" (pra usar a palavra da moda) fazem da gola V um verdadeiro decote, esfregando na cara da sociedade os tufos de pelos que brota do meio do peito. E no time dos modernosos-moderninhos-quero-ser-diferente estão também aquelas criaturas com pelos sob os braços que cortam as camisas e fazem delas regatas profundas, com cavas que vão à cintura.

Tempos estranhos esses em que tudo pode, em que tudo vale. Acho que carrego certo puritanismo besta, e isso me faz desentender o comportamento das pessoas. Pernas torneadas merecem ser vistas, tatuagens nas costas devem servir de chamariz aos pensamentos desejosos. Nada contra!

Mas, gente, saia coxa acima e calça bunda abaixo não são nada bonitas. Nem sexies. Vulgaridade tem limite, e recorro à Lya Luft para terminar meu surto de consultor de closet dos tempos modernos: compostura e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Nem um pouquinho de pano a mais, ok?!Link