sábado, 31 de dezembro de 2011

Promessas de Ano Novo

No dia 1º de janeiro deste ano, escrevi o seguinte no meu já inutilizado Orkut:

- Vou caminhar na praia;
- Vou voltar para a academia e eliminar o excesso de gordura abdominal;
- Vou voltar a vestir calças e bermudas 38, sem estarem apertadas;
- Vou fazer uma viagem internacional;
- Vou visitar mais minha família;
- Vou ler pelo menos um livro por mês;
- Vou me importar menos com os julgamentos a meu respeito; (CUMPRIDO!)
- Vou tirar minha carteira de motorista;
(CUMPRIDO!)
- Vou assinar uma revista e tentar ler jornais de fora do Estado;
- Vou controlar meus gastos com a cantina da empresa;
- Vou tentar me conter nos chocolates e refrigerantes. "

Como pode-se notar, sou uma negação no quesito "cumprir promessas". Das 11 metas traçadas para este 2011 que já se vai, apenas duas foram, de fato, eliminadas. A batalha contra o peso foi parcialmente perdida (não a guerra!); comecei o ano com 69kg e estou terminando com 72kg. As calças e bermudas 38 fecham sob muito custo, muita respiração presa e algumas marcas na cintura depois.

Os livros, ah, os livros. Li quatro ao longo do ano. Revistas e jornais nacionais foram lidos, sim, mas sem nenhuma assinatura ou periodicidade definida. Tipo assim: "- Já que está aqui, deixa eu dar uma folheada...". As caminhadas na praia foram frequentes até abril. Dali em diante, vieram meses de dobra na empresa, outros afazeres, e a promessa foi deixada de lado. Academia, então, uma novela: entrei, saí, troquei, entrei, saí... cansei. Chocolates, refrigerantes e quitutes (tipo biscoito Alcobaça e salgadinhos gordurosos) da cantina da empresa não foram extirpados do cardápio como deveriam. Enfim, viva 2011!!!

Todo ano esse ritual se repete: a gente quer que o 1º de janeiro amanheça ensolarado. Quer por os pés no chão no primeiro dia do ano tendo menos quilos, mais vitalidade, mais dinheiro na conta. O mundo parece respirar novos ares. A renovação do calendário nos arrebata. Não dura 20 dias essa paz-eterna-no-mundo-da-imaginação. Poucas coisas mudam, de verdade. Sempre erramos a data ao preencher cheques ou pagar contas no caixa rápido, e como esses exemplos, outros erros se repetem no tão inovador (e renovador) Ano Novo.

Mas não posso me queixar de 2011, de forma alguma. Vamos à retrospectiva do que aconteceu:

- Tirei as primeiras férias da minha vida.
- Viajei pelo Nordeste, fiz um cruzeiro e renovei energias;

- Tirei minha carteira de motorista na primeira prova;

- Refomei meu apartamento (não moro mais nele);

- Deixei a CBN e passei a integrar a equipe de Política de A GAZETA;
- Comecei a escrever, como interino, a coluna Praça Oito, no mesmo jornal;
- Fiz novos amigos, dei risada e vivi novas experiências;

- Ganhei o Prêmio Capixaba de Jornalismo, na categoria Rádio;
- Mudei de apartamento, mas já de olho em um sonho ainda maior: em 2012, pegarei as chaves da minha casa própria. Um apartamento novo, em meu nome.

Constato, enfim, que não adianta fazer planos mirabolantes para o ano que vai começar. A gente rema para um lado, a vida flui para outro. E não adianta espernear, chorar, fazer birra. O que tem que ser nosso, será nosso. Seja em 2011, 2012, 2013. Aprendi este ano: tudo, TU-DO na vida tem hora e lugar certo para acontecer. E todos os dias, quando algo não saiu exatamente como eu quis, mentalizei essas palavras.

Para 2012, não quero metas fixas. Quero persistir no meu propósito de ser uma pessoa melhor. Um amigo mais presente, um filho mais amoroso e paciente, um padrinho mais atencioso, um repórter mais centrado, um jornalista mais respeitado. Espero que os próximos 365 dias sejam de muito trabalho - mas também muitos êxitos. Que haja pautas difíceis e prazerosas. Que haja viagens e histórias para contar. Que 2012 seja de amigos verdadeiros e fiéis e que aqueles que se aproximam para "fazer número" se cansem e caminhem.

Que as estradas existam. Que eu não tenha pressa em trilhá-las, e não me falte fôlego para subir os degraus que estiverem por vir. Em 2012, a palavra de ordem é equilíbrio. Vamos em frente!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

As coisas que eu não fiz

Ontem, na redação de A GAZETA, recebemos a visita do colega Vitor Vogas. Jornalista dos melhores, dono de uma perspicácia ímpar com as letras, ele resolveu viver um ano sabático pela Europa e, agora, está prestes a ingressar em novo desafio na América do Sul. Contava-nos das viagens, das peculiaridades dos europeus.

E eis que, desde então, reascendeu em mim aquela estranha saudade do que não fiz. Não, não se trata de inveja, nem de vontade de ter feito as coisas que Vitor fez. É algo mais antigo - e não sei se só eu sou assim!. Tenho saudade, certo apego até, de épocas e situações que não vivi. Muitas delas, inclusive, porque nem nascido eu era.

Por exemplo: há dias em que sinto "saudade" de sentar com minha bisavó e rir com ela. Contam-me minhas tias e as primas mais velhas, que a bisa era uma mulher de fato à frente de seu tempo. Numa época em que mulheres eram cheias de pudores e dogmas, a "vovó Mirinda" fumava, falava alguns palavrões e não temia soltar gargalhadas altas. Às vezes até brigava com o biso, que era mais calado, reservado. Acontece que a bisa morreu em 1984, e eu só vim ao mundo um ano depois. Perdi a chance de conhecê-la.

Queria, também, ter ido à praia com meu pai. Sinto saudade das vezes que não andei sobre os ombros dele, das histórias que ele nunca me contou antes de dormir. Não me aconselhei com ele nas vezes em que tive medo de alguns desafios. Tampouco foi a ele que recorri quando tive minhas primeiras dúvidas amorosas. Engraçado que apesar de nada disso ter acontecido, às vezes paro e sinto como se tivessem ocorrido... e queria voltar no tempo e reviver essas sensações.

Ah, posso ser um jovem-velho saudosista. Mas e a viagem ao Japão? Na infância, queria conhecer o Jaspion e o Jiraya. Vovó me incentivava a escrever para a "Porta da Esperança". Dizia ela: "- O Silvio Santos atende a todos os pedidos. Você é esperto, ele vai gostar de você". Quantas vezes sonhei com a porta do programa dominical se abrindo e, de lá, ver surgir meus super-heróis...

Nunca fiz um gol de bicicleta. Não subi em árvores altas. Não pulei muro. Não matei passarinhos com estilingue. Não desci ladeiras em carrinhos de rolimã. Não "li" revista Playboy escondido. Não enchi a cara antes dos 18 anos para fazer meus pais sentirem vergonha. Não quebrei o braço nem uma vez sequer - e, por isso, nunca tive um gesso todo assinado pelos amigos, com aqueles desenhos engraçados.

Ah, eu não fiz tantas coisas... não rodei a Europa, jamais cruzei as fronteiras do Brasil. Nem às pescarias no Pantanal, programa tradicional que os primos faziam ao lado do meu tio Luiz, eu fui. E, querem saber? Talvez isso seja bom. Porque não tendo vivido o que tanta gente viveu, continuo me encantando toda vez que paro para ouvir alguém contar de suas aventuras. Continuo escrevendo histórias, para que alguém, daqui a alguns anos, possa sentir saudade da época em que eu vivo (e das coisas que eu já fiz).

domingo, 25 de dezembro de 2011

Colatina e eu

Me mudei para Colatina em 1995. Até então, morava no bairro de Laranjeiras, na Serra, num sobrado grande, com quintal, cachorro e jabuti. A família, entretanto, sempre esteve na "Princesinha do Norte". Naquele ano, eu e vovó Santa decidimos nos juntar à trupe. Havia muitas vantagens - entre elas, a proximidade de primos e tias, e a bolsa de estudos na Escola São José, que era da minha tia.

Foram dez anos na cidade. Foi em Colatina que dei meu primeiro beijo, que engordei na adolescência, que fiz muitos gols contra nas aulas de Educação Física (futebol nunca foi meu forte!), criei amizades infinitas e inimizades que até hoje me fazem arrepiar. Coisas e implicâncias que surgem na infância e que nos acompanham para sempre...

Foram incontáveis os domingos na casa da minha Dindinha Dica. Não havia alegria maior do que sentar no tapete vermelho que ficava na sala, após os almoços, e escolher uma "vítima". Falávamos de tudo e de todos. Principalmente de todos. Aliás, posso dizer que "falávamos" mesmo, porque apesar de criança, eu sempre bisbilhotei as conversas dos adultos. Enquanto isso, os primos aproveitavam a piscina e o quintal.

Minha infância teve primos queridos. Tinha o Luciano, que era minha "alma gêmea". Era o primo com quem eu brincava no fundo do quintal e no terraço. Ele, sempre querendo desbravar o mundo - certa vez, pulou do segundo andar da casa na piscina. Eu era a parte medrosa da dupla. Os domingos não seriam os mesmos sem ele.

Larissa era a "ídola". Enquanto eu era criança e ela adolescente, a lembrança mais saborosa que me vem à mente é a dos "Xous da Xuxa" que aconteciam no Natal. Larissa, óbvio, era a Xuxa. As outras primas - Bia, Polly, Nanda, Beta, Dani - eram paquitas. E nós, as crianças, participávamos das brincadeiras.

Na adolescência, estudei no Cefetes (hoje Ifes). Ali aprendi a ser gente. Apesar de já ter decidido fazer jornalismo, era obrigado a estudar Matemática, Química e Física. O-DI-A-VA essas matérias e nunca vi sentido em aprender trigonometria, roldanas, catetos, ácidos e acetatos. Que diferença isso faz na vida, gente????

Em Colatina cresci espiritualmente. Cheguei a ser coordenador de liturgia do Encontro de Adolescentes com Cristo (EAC) da Catedral. Perguntem-me quantas vezes fui à missa em 2011? Apenas uma. Ontem, aliás, véspera de Natal - na mesma igreja que, em 1998, fiz minha primeira comunhão.

Mudei-me de Colatina em 2005, para fazer faculdade em Vitória. Cabeça de adolescente recém-saído da fase das rebeldias, disse para mim mesmo: "- Chega desse lugar!". Prometi a mim mesmo que não voltaria à cidade, que merecia algo maior, mais evoluído. Acabei em Vitória, vejam só que ironia do destino...

Já são quase sete anos fora de Colatina. O que mudou em mim, não sei definir. Mas todas as vezes que venho aqui, me sinto em casa. Admiro a mesma praça municipal da qual tantas vezes desdenhei. Gosto de passar pelas ruas Expedicionário Abílio dos Santos e Cassiano Castelo, que continuam apinhadas de lojas, estreitas e com trânsito caótico. A ponte continua a mesma, as cheias do Rio Doce continuam assustando a população ribeirinha.

Toda vez que visito Colatina, agora como "forasteiro", reclamo do calor. Mas é aqui que me sinto em casa. Quando visito as primas, os primos. Quando vejo que as primas que um dia eram adolescentes agora já têm suas próprias filhas, que estão crescendo unidas e cheias de vida, protagonizando brigas e pazes como um dia desses era eu quem fazia.

Nasci em Belém (PA), mas devo admitir: se me perguntam de onde sou, falo sem pestanejar: sou de Colatina. E tenho o maior orgulho dessa cidade onde nada muda, onde o calor reina, e onde me sinto feliz por poder caminhar de olhos fechados, tenho a certeza de que não me perderei.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um ano de novos desejos

Daqui a poucos dias, 2011 vira passado e começamos a viver um novo ano, que como todos os demais, começa em 1º de janeiro envolto num ar de renovação, de votos de felicidade, de um querer extremo "fazer diferente". É um período em que inspiramos amor ao próximo e solidariedade.

Comigo não foi diferente. Comecei este ano disposto a trabalhar menos, a não me cansar com problemas que não são meus. Em 1º de janeiro, me pus como prioridade: cuidar do corpo, correr no calçadão, voltar ao curso de inglês, ver mais a família. Veio fevereiro, março, abril... os meses foram passando e o corre-corre me fez esquecer alguns planos.

O curso de inglês eu comecei, é bem verdade. Fui a sete aulas. Não gostei do método, do professor, e simplesmente a coisa não vingou. Passei os 12 meses do ano lutando contra o peso. Bati nos 72kg e, só com muito esforço, consegui baixar o ponteiro da balança para 70kg. Nem um grama a menos. Mas, admito, basta uma fonte não atender o telefone, basta uma ansiedade qualquer, e me rendo às barras de chocolate.

Prometi ter controle financeiro. Tive. Em março, tive um lindo mês de férias, conheci parte do Nordeste brasileiro, revi amigos queridos e a parte da família que mora no Pará. Tudo ia bem e, para 2012, eu planejava comprar um carro. Não vai dar: mudei de apartamento, agora pago aluguel e precisarei ralar para assumir o apartamento próprio, comprado em 2010, mas que até aqui seria do meu irmão. Em 2012, nova mudança virá.

Em 1º de janeiro de 2011, vi o governador tomar posse e transmiti tudo ao vivo para a CBN Vitória. Encerraria ali meu ciclo de "dobra" entre a rádio e o jornal A GAZETA. Queria trabalhar menos horas, ter tempo pra mim. O plano não só não deu certo, quanto acabei deixando a emissora para abraçar de vez o impresso. Ponto pra mim, que estou realizado e vendo novas portas se abrindo.

Entrei o ano que está prestes a acabar pensando em encontrar alguém para a vida toda. Pensei em namoro sério, em "para sempre", em tolerar diferenças em função de grandes virtudes. Ainda não foi desta vez. Talvez não esteja mesmo na hora; ainda dá tempo de aproveitar a vida. "Pra sempre" é muito distante...

O ano está acabando. E, cheio dessa coisa de renovação, de sentimentos bons e pensamentos puros, quero encerrá-lo sem promessas. Sem prometer ser mais justo, mais tolerante, menos trabalhador. Também não vou me cobrar ser mais magro, mais simpático, menos ranzinza. Vou ser eu. E, em 2012, quero ter comigo quem me aceita assim. É um bom caminho.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Como fica o coração?

Cena improvável: diante da prisão de um adolescente, há pouco egresso de uma penitenciária do interior, o repórter dirige-se à mãe do rapaz e, meio sussurrando, pergunta: "- E como fica o coração de mãe?". Ela, olhos brilhando, responde: "- Bem melhor. Agora vou pra balada, vou colocar megahair e vou ser mais feliz!".

Sério, alguém consegue imaginar que isso possa acontecer? Ou que a resposta real seja pouco diferente de "- Destruído, sem forças, sem razão de existir"?. Eu não. E é por isso que, dia após dia, nesses quase três anos de jornalista formado, corro de perguntas clichês, feitas para arrancar lágrimas da fonte.

***

Em março de 2010, mamãe morreu. Recebi a notícia pela manhã, por telefone. Horas depois, eu já estava em Colatina, perto da família. E, lá pelas tantas, uma prima, daquelas que a gente não escolhe ter (e nem gosta) perguntou-me: "- E aí, Dudu, tudo bem?". Fugi da obviedade. Disparei: "- Ótimo, nunca estive tão feliz". Fui chamado de grosso.

***
Cá para nós: por que as pessoas, sejam elas jornalistas ou não, fazem perguntas tão cretinas? Não é possível conceber que alguma mãe, diante da filha morta, vá dizer que o coração está aliviado. Ou que uma esposa, ao ver o marido estirado no asfalto, atropelado por um caminhão, vá abraçar outro homem e, ali, dizer que está livre para viver um novo amor.

Já cobri essas situações. De velório a enterro (vários, pelos mais diversos motivos), passando por reconhecimento de corpo. Faltam-me palavras. As perguntas somem. Claro, "como fica o coração?" é a primeira tentação que vem à mente. Seguida de "como ficará a vida, a partir de agora?". Já são fórmulas prontas, infalíveis. Para TV e rádio, então, um gemido de dor, um suspiro dolorido no fim da frase conferem um "plus" ao material - há quem diga que humaniza. Acho o contrário.

Já me imaginei velando alguém que amo, e a última coisa que gostaria de fazer é falar, ter discernimento. A minha tristeza é silenciosa, o sofrimento é contido. Os entrevistados merecem - e devem - viver suas angústias sem importúnios. É por isso que em serviço só consigo dizer às famílias enlutadas "sinto muito", "que Deus te ajude" ou, no máximo, perguntar a alguém próximo, a um amigo, se há palavras para traduzir o que sentem.

Às dores humanas, o respeito. Ao coração, sossego. À consciência, após um dia de serviço, matérias pesadas e histórias relatadas, a tranquilidade. Jornalista não precisa ser açougueiro.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Natal já não é o mesmo

Passei novembro longe daqui porque precisei ficar mais atento a compromissos da vida real. Matérias especiais, retorno à academia, mudança. É, mudança. Depois de quase sete anos no mesmo apartamento, recentemente reformado e milimetricamente repensado por mim, vou ter que me mudar. Não por vontade, mas por outras questões que envolvem família, dinheiro e uma dose de compreensão. Ainda estou às voltas com isso.

A mudança é a parte mais chata, e afetou algo que eu sempre amei fazer: a decoração de Natal. Aliás, as vésperas natalinas sempre foram no meu imaginário a fase mais gostosa do ano, desde a infância. Pegar as caixas empoeiradas que aguardam por 11 meses sobre o guarda-roupa, rever bolinhas, enfeites, guirlandas e miniaturas de Papai Noel sempre reascendeu em mim um espírito de renovação. O Natal sempre teve, para mim, "cheiro", "gosto" e "tato". E eu sempre AMEI isso!

Este ano, entretanto, tudo mudou. As caixas continuam onde já estavam. Vejo as luzinhas nas janelas dos vizinhos e não me dá a mínima vontade de decorar a casa. Até mesmo a ida a Colatina, para rever a família e abraçar tias, primas e primos não me convenceu de ser necessária. Aquelas cores verde e vermelha, típicas da época, não mexeram comigo.

Será que estou ficando um velho rabugento, ou será que é assim mesmo? Sinceramente, tenho me questionado. Quando olho para trás, relembro os antigos Natais, na casa da minha dindinha Dica, em Colatina. Era Natais cheios de bombons Serenata, peru, Chester e Tender à mesa. Eu, como as outras crianças, correndo pelo terraço e forçando a barra para abrir os presentes.

Davam 23h30 e tia Vera - sempre ela - sentia dor de cabeça. Precisava ir em casa buscar um remédio. E lá ia ela, com o sempre escudeiro tio Dirceu. Meia hora depois, o que acontecia? Chegava o Papai Noel. E eu corria para abraçá-lo, e ganhava balas e sorrisos. Lembrar disso me faz arrepiar, como se revivesse aqueles abraços gostosos (mas o Papai Noel tinha cheiro de roupa guardada, por que será?!). Quando o Bom Velhinho ia embora, tia Vera chegava com tio Dirceu. E eu pensava "- Tadinha da tia Vera, perdeu o Papai Noel".

Os Natais da minha infância eram coloridos. Tinha CD tocando ao fundo, tinha "show de talentos" com as primas mais velhas, tinha banho de piscina à meia-noite. Este Natal vai ser diferente. Provavelmente em nova casa, com novos planos... e outros sentimentos. Ah, como era boa a época em que eu acreditava em Papai Noel e na bondade das pessoas...