sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ode às descobertas

Caros leitores,

Peço licença a cada um de vocês para, hoje, quebrar o protocolo. Não estou afim de falar das minhas lembranças, tampouco inspirado para fazer uma crônica abstrata. Me deu vontade de falar de gente. Gente de carne e osso, como eu e vocês; com sentimentos, defeitos, manias, qualidades e sonhos. Um post com destino, nome e endereço!

Quero falar de uma menina-mulher que conheci a cerca de quatro anos. Cabelos ondulados, sorriso simples, pouca maquiagem. Uma garota que, em todos os invernos, se aprisiona num casaco cor-de-rosa e que, faça chuva, faça sol, sempre está no cantinho dela, entre telas e mouses, com olhos atentos para aquilo que o povo conclama.

Quero falar de uma moça que se desvendou para mim num memorável esbarrão, dentro de uma loja de shopping, e que desde então passou a atordoar meus pensamentos. Uma incógnita! Teria sido, aquele encontro, capaz de nos expor um ao outro? A partir daquele episódio, o que mudaria em mim, aos olhos dela? Isso eu não sabia; mas sabia que ela havia mudado diante do meu olhar. Só não sabia explicar se, desde então, ela era uma ameaça ou uma janela aberta para que eu visse além.

Estas linhas têm dona, e esta dona tem olhos doces e perspicazes. Silenciosa, ela aprisiona na memória os pequenos gestos, os relances, as bolas-foras de quem a cerca. É uma mulher que o tempo me ensinou a descobrir, a desvendar, pouco a pouco. Longe de ser extrovertida, ela faz da sua concha um calabouço para pérolas preciosas. E não estou falando de pérolas de "foras" ou gafes. Digo, mesmo, no sentido mais valioso - pois ela guarda em si uma essência genuína, de gente que gosta de gente, de ser humano que se cansou dos espelhos e busca, no outro, algo interior, forte, consistente.

A "musa" - se é que assim posso chamar - desse texto aprendeu a me conhecer de pouco a pouco. Um dia aqui, outro acolá. Ois, olás, boas tardes, e pouco a pouco o véu que nos separava passou a acobertar sonhos e palavras trocadas entre nós. A mesma aura que outrora representou insegurança, se transformou em ar compartilhado. De uns tempos pra cá, passamos a nos ver com mais frequência, a dividir pequenos detalhes de nossas vidas, a dar, um ao outro, motivos para querer mais e mais. Não por quantidade, mas pela qualidade de tudo que passamos a construir (e desnudar) juntos.

Hoje é o dia dela. Da dona das palavras de sobriedade que me são ditas quando divago em pensamentos distantes. Dia da autora de frases dóceis e firmes na medida certa, da companheira de desventuras e utopias confidenciadas nas horas vagas, nos restaurantes de comida japonesa. Hoje é dia de falar de carinho, de amizade, de bem querer. É, mais que em qualquer outro, o momento de deixar claro - com todas as letras -, que a vida se tornou mais colorida, divertida e gostosa desde que ela chegou.

A você, minha querida Débora.

Um comentário:

  1. Gente! Que linda declaração de amor! Quisera eu receber uma assim de algum amigo! Lindo, Eduardo, parabéns! Bjs!

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