terça-feira, 26 de abril de 2011

Vida pré-moldada

"Quem disse que os filhos são felizes vivendo os nossos sonhos?". A indagação fechou o capítulo desta terça-feira da série Divã, protagonizada pela brilhante Lília Cabral na TV Globo. Nesse último capítulo, abordou a diferença de idade entre pessoas que se desejam, e como terceiros enxergam essas histórias "incoerentes". Não vou entrar nos méritos da sinopse, mas aviso logo: as angústias de Mercedes - a personagem de Lília na série -, me fizeram pensar um pouco sobre a forma com que enxergamos a vida e os relacionamentos.

A grosso modo, sonhamos com pessoas perfeitas. A mim, se perguntassem, responderia de pronto: quero alguém com, no mínimo, escolaridade superior, uma boa colocação no mercado, estatura média (que eu não precise nem abaixar muito, nem ficar na ponta dos pés), sorriso bonito, e um perfume marcante. Mas daí a ficar esperando que cada pré-requisito se cumpra, vou padecer. Os básicos, pelo menos, preciso que alguém preencha! (e tá difícil, viu?!)

Temos, muitas vezes, os costume de imaginar a vida como se ela fosse uma obra já finalizada. Mocinho e mocinha se encontram, se apaixonam, superam algumas adversidades e são felizes no final, com casa bonita, cachorro no quintal e almoço de domingo. Não é bem assim! Pessoas de carne e osso, sem script decorado, têm que trabalhar, se irritam com os afazeres, recebem inúmeras contas no fim do mês. Além disso, na vida real não temos a legenda "alguns meses depois", para pularmos capítulos e irmos direto aos pontos interessantes da história.

A pergunta de Mercedes é válida: "quem disse que os filhos são felizes vivendo os nossos sonhos?". Algumas mães deveriam refletir sobre isso. Outras perguntas válidas, agora para nós, "os crescidos": quem disse que seremos felizes vivendo histórias escritas por outros? Que voz divina nos dita, ao amanhecer, se fomos relegados a meros coadjuvantes ou se ainda somos protagonistas dos nossos casos? Corremos contra o tempo, mas às vezes não encaramos o nosso tempo.

A vida, esse emaranhado de atropelos e surpresas, é cheia de ruas, desertos, estradas, luas, lágrimas e canções. Visto que não é uma casa pré-moldada, não dá pra escolher o modelo. Não dá pra comprar na imobiliária, com decoração, móveis novos e caixinha de correio no jardim de grama verde. Alugar, então, nem pensar! É preciso construir - e isso é bem trabalhoso...

Um comentário:

  1. Gente, eu AMEEEEEEEEEEI esse!!!!! AMEI! Tão real que chega a doer! Parabéns! :-)

    ResponderExcluir